AMANHECER
Aqui, bem aqui dentro do meu peito
Aqui onde aponto até sentir enorme a dor
Aqui onde o ódio e a mágoa me consumem
Aqui também é a casa do amor
Este animal bravio e agitado
Este ser malévolo e despudorado
Este espinho enfiado no meu leito
Também é meu anjo adorado
Há noites em que a doida me acorda
Rasga a mortalha do amor perdido
Gritando: "Morre e mata maldita!"
Mas amanhece e meus olhos semi-cerrados
Olha a vida como ela merece ser vivida
E eu mansa, calada e arredia
Levanto descalça e sem a camisola
Abro a janela para mais um dia
E o Deus Sol me aquece e me consola