MEU ANJO
Querido amigo, meu guia, meu mago
Anjo, druída ou quem sabe um velho bardo
Terei eu a honra de um dia
Conhecer o teu rosto vincado?
Sombra espectro ou seja lá o que for?
Como posso incorporar teu amor
Como posso eu te sentir por perto
Se ao mesmo tempo é tão incerto
Ser fato da tua existência
"Tenhas fé"- tu me dirias
Mas nem sempre a fé
Propicia certeza de uma presença
Do toque, palavras de afeto
Tão carente a um ser humano
Serei desmerecida de apreço?
Pois se é pra ti que resvalo o terço
Que Buda colocou-me ao pescoço
Nem um sopro, um sussurro
Há séculos olhamos além do muro
Dissestes no auge daquela tristeza:
"Olhas, bem que podes ser feliz..."
Mas nem ali naquela hora
Fitaste-te me sob teu manto
Apenas tua mão sob a minha
Apenas tua voz, doce e macia
Deu-me a esperança que eu quis.