pero no mucho

Pero no mucho

não parece ser normal

trabalhar tanto

para alimentar

a parafernália do consumo

casa carro moda à mostra

para ser amostra

daquilo que não sou

ainda é tímido

o rabo de olho

na susuki da mocinha do sinal

a despeito da fúria silenciosa

que me abraça

diante do preço imoral

cem menininhos famintos

ou cinco famílias sem lares

mercadológica lama

lixo peverso fiasco

quero viver de outro jeito

frugal como um pepe mujica

ou quem sabe ser vegana

me compadecer dos animais

a ponto de não salivar

diante de um churrasco

(talvez isso seja demais)

Norma de Souza Lopes