NINGUÉM
Se não há alguém para levar a mala do teu desespero
Ora, leva-a tu mesmo, aí junto, contigo
Pois ninguém estará a postos te esperando na estação
Se não ligaste ao menos para um amigo
Aquele que um dia precisou de ti
Ou o outro que te pediu abrigo
Como era mesmo o nome do pobre infeliz?
Que não consolastes por impaciência?
E agora que o trem há muito já partiu
A quem será que pedirás clemência?
Não há ninguém, não chegará ninguém
Prá te livrar da insólita violência
Da vida vã, da noite sombria
Da tempestade, da tua demência...