As cores de seu destino

O azul que encantou o astronauta nos espanta

e o poeta vai de branco pela rua cinzenta

Enquanto o céu cobre de vermelho o leito do céu

o monstro de olhos verdes não mais assusta

Vão-se as esperanças, ficam as incertezas

e a lâmina cega da realidade rente aos olhos

os anos escorreram pelos dedos

com a liquidez da areia fina

como os cabelos impertinentes em sua cabeça

Duas, três, quatro décadas

resultam num inventário de sonhos e perdas

mas a caminho de casa os passos recordam

exatamente onde tropeçaram

Sete, oito horas ou mais

perdidas a cada dia no trabalho improfícuo

sacrifício tão necessário quanto aviltante

que o peso das pálpebras insiste em registrar.

Foram-se as festas, os amigos

foi-se a esperança , o amor

os dedos urdem o fio do dia com a textura do aço

e os relógios, estes odiosos companheiros,

desdenham sutis de todo o movimento.

Foram-se os projetos, os croquis

foi-se a pena, o papel

Apenas o vermelho sanguíneo pulsando em artérias roxas

e o castanho dos olhos procurando pelo arco-íris

no celeste azul,

tentando adivinhar

as cores de seu destino

ou o enigma de sua vida

impressos dentro de si, prestes a explodir,

com a imprecisão de uma estrela.

Adam Flehr
Enviado por Adam Flehr em 11/08/2012
Código do texto: T3824369
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