São Petersburgo da Soprano

É fria a alma que olha o vazio.

Seus campos foram queimados

e seus seios estão secos.

A fúria que um homem canta

não lhe toca.

Acabaram-se-lhes as revoltas.

E no entanto, o busto liberto

da Soprano que segue ao Tenor,

devolve-lhe a ânsia alucinada.

A vida insiste em levá-lo consigo

e ainda que seja um traço apenas,

o sorriso que lhe brota

murmura que o sobrevoo

de Lux resiste às trevas

e que o Sol a reverberar

nos rios congelados

em breve iluminará

a noite dos desesperançados.

Homenagem pouca à Soprano Renée Fleming.