LÁ DO ALTO

Sempre vejo um tanto melhor de cima

Igual uns binóculos num terraço de edifício

Do alto observo, suspendido, o óbvio

: O precipício visto do pico é limitado, imóvel

Raciocino um princípio sobre tudo, sobre todos

Investigo sem receios as sombras negras, os exasperos

Rajo-me na amplidão de luzeiros; um rastilho do sol

Aos vires das íris detrás-horizonte dos ires raianos

Arremeto no ocaso e me encaso no estrelado e negro

Ao vestir a ponte da lua à orla do céu inteiro

Adoto-me o esteio do interstício do meu fim

Encerrado nos modos noitecidos e matineiros

Ora resta ressumar os orvalhos da madrugada...

Pode ela trazer dos confins algo novo p’ra mim?