Sob o sol de uma paixão

Deixe-me gritar ao sol de Platão

a paixão que escondo

comigo

numa manhã qualquer de verão

deixe-me fechar os olhos

e te ver de novo

- mais uma vez -

sentir o teu corpo

e me realizar...

Deixe-me gritar ao sol de Narciso

a paixão que reflito

em ti

numa manhã qualquer de fevereiro

deixe-me fitar o meu rosto

até enxergar o teu, inteiro

- mais uma vez -

cair no teu leito

e me afogar...

Deixe-me gritar ao sol de Afrodite

a paixão que transborda

de mim

numa manhã qualquer do calendário

deixe-me perder os sentidos

viver o irreal e o imaginário

- mais uma vez –

perder o caminho

e me encontrar...

Deixe-me gritar ao sol dos tolos

a paixão que finjo não existir

de fato

numa manhã destas, qualquer

deixe-me ouvir os gritos roucos

que não proferimos

- mais uma vez –

estar contigo

e me saciar...

Deixe-me estar apaixonado.

(unilateralmente?)

Pois não será toda paixão unilateral?

Porque se a paixão tranca uma porta,

ela torna outra aberta,

se mata de amores,

ela também faz renascer...

se condena,

ela também redime...

porque se a paixão aprisiona,

ela também tem o poder

de nos tornar mais livres...

Adam Flehr
Enviado por Adam Flehr em 03/09/2012
Código do texto: T3864120
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