O casebre

O casebre no barranco do mar,

agora é para sempre a minha morada.

De tábuas inclinadas

e largas fendas para escoar estupidez.

A porta range e a janela balança

por onde observo as palmeiras tortas,

as clivias nobilis desabrochando personalidades

e o sol destilado de fogo que

rasga o envoltório do corpo celeste.

O vento azul arranha a areia

arrastando vozes em conchas,

vento entardecido e avermelhado

que veste-se e desnuda-se de embarcações.

É no casebre que agora transcendo ao anoitecer,

desprovido de tempo,

vigiado por uma lua loura

e um pedral de estrelas entrelaçadas.

E que no alvorecer acordo música

com o ecoar das ondas

e toar das gaivotas.