A flor do Pântano

Nasceste. Não sabes como

nem por quê.

E perguntas ao vazio,

sem respostas.

Onde? tu mesmo respondes.

Rompeste o solo do interior de lúgubre

pântano. Venceste.

E agora?

Pequena flor pálida e frágil, destoas de todas as congêneres

deste lugar.

És a melhor daí?

Tens o sopro das noites e o calor dos dias.

ouves o canto dos pássaros e o rugido dos animais.

Um rasgo de sol, uma nesga de chuva a fará crescer.

Para quê?

A vida pulsa.

E o teu caule, e as tuas raízes e folhas

insistem em crescer

e agora, o que farás?

Te libertarás de teu invólucro,

passeará alhures,

conhecerás jardins,

farás amizades,

trocarás idéias?

Pensarás livremente,

desejarás ardentemente,

sonharás intensamente,

amarás incondicionalmente?

Ou te prenderás à solidez de

tuas raízes, alegarás medo ante a ameaça de extinção,

caso abandones o solo.

Te lamentarás em choro incessante

a suposta imobilidade,

onde estacionas?

Negarás o ambiente ao seu redor,

maldirás seu nascedouro,

supondo virtude ou superioridade em sua

imaculada palidez?

Serias a melhor daí?

A vida pulsa.

E sentes a falência de tuas forças,

a decrepitude de teu invólucro

chegar.

Por que viveste?

A vida pulsa. Sempre.

Nasceste flor pálida em

lúgubre pântano,

e ignoras a chance de amar

e ser amada, exteriorizar-se,

libertar-se,

interagir com o próximo

e florescer...

Procriar. Deixar um pouco de ti

no solo inerte. Semente.

Legado ignoto de amor.

Adam Flehr
Enviado por Adam Flehr em 09/09/2012
Código do texto: T3872361
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