Simplesmente, Maria

Antes fostes tu uma prostituta

À margem da sociedade, a vagar pelas ruas

A mostrar o teu corpo, que é o teu meio de vida

À noite, nas ruas escuras e em cada esquina

Vendedora de sonhos e das mais loucas fantasias

Encaras a morte, todos os dias, como parte de tua rotina

Entrega-te aos homens, que apenas te aliciam

Mas guardas o teu beijo para o amor da tua vida

Antes fostes tu a minha menina

Que sem ser puritana, és pura todavia

Uma leoa feroz, à caça, por tuas crias

Despojada do medo de a cada luta saíres ferida

Já que de cicatrizes és toda constituída

Em contraponto o teu sexo, semeia alegria

Na mente masculina, satisfazes toda utopia

És amante, és profana, conselheira e companhia

Antes fostes tu a santa que me cativa

Que quando no fundo do poço, tua verdade silencia

A hipocrisia desse mundo, d`uma sociedade apodrecida

Que ensandecida pelo poder, outras como tu, cria

Escondem-se nas máscaras do glamour, elite da covardia

Desprovidas de pudor, o mesmo pudor, com que te sentenciam

Antes fostes tu a esposa que o meu sono vigia

A minha Maria Madalena, ou simplesmente, Maria

Inspirado no filme "Leaving Las Vegas", com Nicolas Cage e Elizabeth Shue.