As minhas cinzas...

 
 
Quanto as minhas cinzas...
 Não desejo que as joguem no mar.
 Nem no meu Rio Jaguaribe,
 Nem no meu Rio Araibu!
 
 Joguem-nas nos escalvados,
 Nas pradarias da minha terra.
 Eu desejo que elas se confundam
 Com o pó e a poeira acinzentada
 Do torrão triturado e moído do meu sertão.
 
 Quero misturar-me
 
Em meio às folhas secas,
 Ser revirado por redemoinho,
 Pequenas ou grandes ventanias...
 Resistirei que seja aos vendavais.
 
 
 Se hei de repousar para sempre,
 Que seja prazerosamente
 Na minha querida terra!...
 
Do pó eu vim,
Para o pó retornarei!
Misturar-me-ei e serei eternamente
Ou simplesmente pó!...
 Em dias de chuva serei lama,
 Em dias de sol serei,
 Pó,  poeira envolvida na terra!...
 
 Quero ser marcado com
 As leves marcas deixadas pelos pássaros
 Com o pisar dos brutos ao pastarem,
 Com o simples rastejar dos répteis!
 Ou mesmo quando tocares a terra
 Sentir-me - ei em tuas mãos...
 
Mesmo que em minúsculas
Partículas de cinzas!
 
 
Ainda que não me permita
À consciência viva!
 Ali estarei, onde sempre estive,
 Mesmo ausente!
 Por amor a minha terra...
 Quero permanecer eternamente
 Junto, misturado e confundido com ela!...
 
 Nunca é cedo, nunca será tarde!
 Depois dos anos, ou dos sessenta anos...
 É bom que seja dito
E expresso os teus desejos!...
 
Mesmo que ainda venhamos
 Viver por mais cem anos!...
 
 A beira das lagoas ou dos rios,
   Entre as carnaúbas, as oiticicas,
           Os cardeiros, velames e marmeleiros...
 
                          Sob à tua sombra...
                                    Também estarei ali!
Russas, 10 de Setembro de 2012.






 
Francisco Rangel
Enviado por Francisco Rangel em 23/09/2012
Reeditado em 20/10/2012
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