Aprendizado


Entre as perguntas que
sempre me faço,
uma é bem recorrente
e me vem com freqüência
à mente:
Por que todo mundo tem muito
a ensinar
e tão pouco a aprender?

Quem nunca escutou um conselho
que não foi pedido,
uma lição de moral
num momento não consentido?
Ou ainda uma história,
uma parábola
em forma de ensinamento,
e um dedo em riste
repreendendo uma atitude
talvez inconseqüente?

É mais comum do que se pensa
ver alguém julgando
a atitude alheia,
com palavras firmes,
duras e até poéticas.
Todos querem mostrar
que estão acima
do bem e do mal,
e entendem da estética
moral,
quando na verdade todo
mundo é muito mais igual
que diferente,
pois a condição humana
nos coloca no mesmo patamar.
Somos seres frágeis,
inconstantes,
alegres ou tristes,
dependendo do que vivemos.

Mas o orgulho em demasia
faz com que muitos
acreditem que são super-heróis,
e nunca admitem
"que levaram porrada na vida"

E nessa dimensão de superpoderes,
fica quase desonesto socorrer
o irmão,
pois para entender aquele que sofre
é preciso saber também da solidão
e do lado obscuro da alma.

E para falar da Luz,
antes de mais nada,
vale abrir mão do preconceito,
conhecer a si mesmo,
não viver apenas do ensinar.
Vale passar por cima
da pretensão
e exercer
um pouco mais a compaixão
se colocando no lugar do outro.

Assim,com certeza,
os conselhos serão
apenas uma conversa amiga,
sem nenhum intuito de intriga
e sem soberba desmedida também.
A religiosidade de
cada um será respeitada,
e Deus será sentido muito mais
na ação do que no discurso
às vezes tão vazio e tão impróprio.