LAMA E SOBRAS

Segurou minha mão, deu me abrigo

Acariciou minha face, tratou feridas

Iluminou o caminho a seguir

Soltei me, entregue doei me

Larguei ancoras, porto e casa

Voei, como brisa de tão leve

De azul converti o sangue

O clarão que atordoa agora

Depois de consumada realidade

Onde a esperança depositada chora

Onde a maldade amargurada mora

Visitei galerias sua, em passado esmaltado

Pertencentes a memorias sombrias

Onde o olho que ver chora

O meu viu e chorou

Chorou após a pétala trair com beijo

Na face do amado o amor contido e guardado

O amor que não fora revelado

Guardando o sangue seco depois de esfaquear o pulsante

Escondendo entre folhagem o moribundo

Convencendo o próximo a decolar.

Triste fato de pesar em lombos de quadrupede nutrido

Triste sorte...

Se fez triste o espinho do caule que nem furar ousou mais

Se fez triste a chuva

A brisa leve parou de passar

O sol rachou. Rachou o dia

Rachou a certeza e o sentimento

Traição! Maldita traição!

Canta agora com voz tremula o que cantavas de amor

Perfura os dedos e a vulva profetizando prazer

Sombrio malquerer, sombrio malquerer

Pinga, pinga sangue entre velas de ceras negras e bordô

Zombeteiros te embalam entres palavras extintas

Capenga e tomba selando teu triste destino...

Languida face que desconheço!

Amarelado nos dedos, amarelado na língua

Morre pois para que eu viva.

Morre pois agora,

Não preciso de ti.

Não preciso em ti!

Armando Vidal
Enviado por Armando Vidal em 11/10/2012
Código do texto: T3927159
Classificação de conteúdo: seguro