LAMA E SOBRAS
Segurou minha mão, deu me abrigo
Acariciou minha face, tratou feridas
Iluminou o caminho a seguir
Soltei me, entregue doei me
Larguei ancoras, porto e casa
Voei, como brisa de tão leve
De azul converti o sangue
O clarão que atordoa agora
Depois de consumada realidade
Onde a esperança depositada chora
Onde a maldade amargurada mora
Visitei galerias sua, em passado esmaltado
Pertencentes a memorias sombrias
Onde o olho que ver chora
O meu viu e chorou
Chorou após a pétala trair com beijo
Na face do amado o amor contido e guardado
O amor que não fora revelado
Guardando o sangue seco depois de esfaquear o pulsante
Escondendo entre folhagem o moribundo
Convencendo o próximo a decolar.
Triste fato de pesar em lombos de quadrupede nutrido
Triste sorte...
Se fez triste o espinho do caule que nem furar ousou mais
Se fez triste a chuva
A brisa leve parou de passar
O sol rachou. Rachou o dia
Rachou a certeza e o sentimento
Traição! Maldita traição!
Canta agora com voz tremula o que cantavas de amor
Perfura os dedos e a vulva profetizando prazer
Sombrio malquerer, sombrio malquerer
Pinga, pinga sangue entre velas de ceras negras e bordô
Zombeteiros te embalam entres palavras extintas
Capenga e tomba selando teu triste destino...
Languida face que desconheço!
Amarelado nos dedos, amarelado na língua
Morre pois para que eu viva.
Morre pois agora,
Não preciso de ti.
Não preciso em ti!