íntimo do tempo
passo horas
nesse martírio involuntário
para que chegue o outro dia.
descansam em seus ninhos. algumas cobras, quem sabe, também.
o sol rebate seus últimos raios no dia
e tudo está como para acabar. não! não romperam-se
montanhas prédios alamedas.
acima, no alto céu, ainda voam gaivotas
e outras aves de vários gêneros, até metafísicos.
numa rua reclusa
numa casa reclusa
numa cadeira reclusa
eu recuso
o desespero escatológico e,
íntimo do tempo, adormeço
escutando na rádio tocar
"amanhã vai ser outro dia
amanhã vai ser outro dia."