ROUBARAM AS PRAÇAS

Havia uma praça no caminho de todo dia

onde o tempo era tão sossegado

que corria mais lento que qualquer dor de poeta.

Era uma praça de todos, sem suicídios, algazarras,

nem mesmo cenas de adeus.

Os homens homenageavam seus amores

deixando que as rosas permanecessem vivas

cada qual em seu jardim, para que os compositores

e poetas eternizassem o cheiro peculiar daquela praça.

Era bonita a praça, tinha cheiro bom e era a extensão

das nossas casas.

Havia ali uma praça, e era ela o quintal da minha vida.

Hoje passo exatamente no mesmo lugar

contando o número de passos pra chegar a lugar algum...

As praças fazem desenhos nas nossas vidas.

Marcam para sempre, mas acabam morrendo esquecidas.

Arrancam os ipês e concretam nossos quintais.

A alma da minha cidade, da minha rua, da minha vida,

anda vazia de quintais floridos e eu ando

inconformadamente entristecida...

Aninha viola
Enviado por Aninha viola em 26/10/2012
Reeditado em 12/05/2013
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