O Mundo Não Para.
Por muito tempo eu olhava tudo
Por dentro, por fora, do lado, em cima
E tudo era interessante.
Via, aprendia, descobria em todas as coisas
No céu azul, no mato verde, no mar bravio,
E tudo era interessante.
E eu olhava, olhava embevecido . . . aquela flor
Já estava ali? E o regato era tão claro! Friozinho.
E tudo então era prazer.
Os olhos brilhavam, eram puros, inocentes
Escolher, saber, fazer, amar. Ah! Amar
E tudo agora era prazer.
E continuei a olhar atentamente,
Olhava a tudo, olhava a todos e . . .
E nem tudo já era prazer.
Passei de só olhar, para agora também ver,
Fui vendo as coisa e vendo o mundo
E já cada vez menos era prazer.
Coloquei óculos, pra ver melhor
Não melhorou, mas a mente compreendia
E pouco agora era o prazer
Tive de ver, de entender, e agir a cada dia
Mudanças, progresso, e ao final tudo igual
E só menor era o prazer.
Mas não me conformei, eu não podia
Algo gritava: ta errado! Não está certo!
E só havia indiferença.
Tempo difícil, passava lento, se arrastava
E o grito ali na minha orelha, olha de novo! Com atenção!
E foi nascendo a sensação.
Olhei de novo, bem lá pra dentro
Ai eu vi, primeiro turvo, depois mais claro
E foi se dando um renascer.
Do azul do céu, dos campos verdes,
Das flores vivas, do olhar brilhante!
E novamente era o prazer.
Não foi perdido, foi soterrado
Estava escondido pela rotina
E outra vez era descoberta.
As novidades e o prazer estavam lá
Bem no fundinho do meu Ser
E tudo então é só viver.