Anzol na Garganta
Há um nó preso em minha goela
Um vergalhão de muitos anzóis
Um lingote de ferro
Um tarugo de metal
Esfera de carrapichos que não desce e nem sai
Uma pedra que nem miolo de pão faz escorregar
O limiar entre
O sufoco e o alívio
Será um grito reprimido?
Um sentimento sufocado?
Uma palavra coagulada?
Um arquejo surdo?
Uma ideia calada?
Um desejo pela metade?
Uma cólera represada?
Nada engulo e nada cuspo
No meio da garganta, um anzol, apenas
Será que me tornei um peixe, um lambari fisgado
Por uma linha acima do barranco
Lutando contra uma chumbada e uma carretilha?
Não me arrisco a pensar, pelo menos até que o anzol me rasgue ao meio