CONSCIÊNCIA NEGRA

Ainda tenho as marcas do chicote

E o som dos tumbeiros a gemerem de dor

Pelo Atlântico a fora

Ainda tenho a carne dilacerada

Adoçada com garapa dos medonhos engenhos

Que tive que moer

Ainda tenho nas unhas

Encravadas de cascalhos

A aluvião gélida dos rios de Serras Gerais

Ainda levo no sangue

O café tão amargo dos tempos

Dos avós de meus avós

Ainda guardo na memória

A consciência de África

E a origem de nossa origem

Para jamais esquecer

Que fomos nós, que construímos esse país.

Victor Said
Enviado por Victor Said em 19/11/2012
Reeditado em 10/01/2013
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