Uma atriz sem vocação
De repente, me vi como atriz
Num palco de luzes quebradas
Tudo rodava em torno, porém
Minhas imagens em todas as paredes
Surgiam tão bem iluminadas
Que de mim se viam as lágrimas
Nunca choradas e os risos disfarçados
Em lábios mal cerrados , um corpus
Balançando quieto, à distância
Nada me pertencia.
Talvez, lá longe na infância
Eu me perdesse em minha arte
Ser atriz parecia fazer parte
De um cenário vivido por mim
Ao longo de meus muitos anos
Quando para fazer meus charmes
Meus dengos, minhas pirraças
Eu, inocente, tinha minha arte.
Eu não me sentia bem no papel
Que fazia nesse palco estranho
Eu queria e não podia ser eu
Porque um público me esperava
Diferente, se não somos a gente
Não somos ninguém. Eu, sou eu
Vinte e quatro horas, doze meses
E todos os anos que vivi e tenho,
Espero -- para viver e viverei
Minha peça? Meu teatro?
Fui atriz imaginária. No palco,
Fracassei!