Uma atriz sem vocação

De repente, me vi como atriz

Num palco de luzes quebradas

Tudo rodava em torno, porém

Minhas imagens em todas as paredes

Surgiam tão bem iluminadas

Que de mim se viam as lágrimas

Nunca choradas e os risos disfarçados

Em lábios mal cerrados , um corpus

Balançando quieto, à distância

Nada me pertencia.

Talvez, lá longe na infância

Eu me perdesse em minha arte

Ser atriz parecia fazer parte

De um cenário vivido por mim

Ao longo de meus muitos anos

Quando para fazer meus charmes

Meus dengos, minhas pirraças

Eu, inocente, tinha minha arte.

Eu não me sentia bem no papel

Que fazia nesse palco estranho

Eu queria e não podia ser eu

Porque um público me esperava

Diferente, se não somos a gente

Não somos ninguém. Eu, sou eu

Vinte e quatro horas, doze meses

E todos os anos que vivi e tenho,

Espero -- para viver e viverei

Minha peça? Meu teatro?

Fui atriz imaginária. No palco,

Fracassei!

Regina Souza Vieira
Enviado por Regina Souza Vieira em 04/03/2007
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