Poesia Moribunda
Vejo as flores, lindas mais sem nexo,
Seu perfume, sem odor.
Sua cor negra é.
Às vezes, vejo as flores
Sem brilho, sem força
Para se desabrocharem.
Na verdade, dá sim um vazio
Um vazio no coração;
Uma vontade de sair por ai;
É onde vejo as flores e a beleza
Da natureza morta.
Este vazio, esta vontade,
Vontade de não sei o que
Tem causa, a divina solidão,
Companheira da tristeza,
Amiga inseparável da saudade.
Eu vejo a sol negro
O céu vermelho, lágrimas.
Vejo a lua nua com suas
Faces repletas de sulcos.
As estrelas sumindo...
Eu vejo, eu sinto meu ser
Findar-se neste poema do qual
Negro se torna a cada palavras
Revelado deste sentimento.
Caio Martins
03/10/91