As cartas do Império (Segunda parte)

II

Em vós, se me lutardes toda a dor;

Camões já fere, sem olho direito

Do réu que lava o sangue, e ataca o autor

A espada que desdenha o grande efeito.

Portugal chora, treme e sofre o vate

Os homens portugueses vão mandá-lo:

"Meu senhor! Toda a gente no debate!

Poeta está ferido!... Que eu te falo!"

Ó rei triste e temido, envia a carta

Todo mundo na morte, e o sofrimento

A coma violenta, intensa e farta

Pois não há mais benção e sentimento.

Enquanto ele fugiu, batia a porta

O curador lhe avisa, no hospital:

"Calma! O cara curado não conforta!

E depois melhorou, era normal."

Alguns vilões brutais, com clangor raro

Quebrou-a, mas prenderam o outro bardo

Os dois estão com medo muito claro,

Um homem na prisão, como eu não guardo?

Até que escreve os versos, torna-se a arte

É um dos maiores gênios que eu já vi;

Sá de Miranda admira, em admirar-te

Sim, todos os sentidos que sorri.

O teu lirismo é rico, quanto a vida

Por isso brada os cantos que comove,

Épico, com a viagem tão querida

Vasco de Gama, o barco que se move.

Autor: Lucas Munhoz (Poeta rapaz) - 10/12/2012

Lucas Munhoz (Poeta clássico)
Enviado por Lucas Munhoz (Poeta clássico) em 10/12/2012
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