Soneto de Desabafo
Caminho em largas passadas,
Distintas entre si num sincronismo
Assimétrico, torto por assim dizer,
E vejo cambaleante o final da travessia.
Pelas calçadas esburacadas
O vento varre os papéis de bala do chão,
Levando para longe as lembranças
De mais uma noite em vão.
Ali preso nas memórias de outrora,
A sombra do velho Ipê,
As passadas diminuem.
Aquecem os sonhos,
Esquecem os segredos,
Naquelas calçadas esburacadas cheias de papel de bala.