861 Reconstrutor de Mundo

Se eu tivesse dinheiro

seria um reconstrutor.

Reconstruiria mundos.

Reconstruiria a casa de minha infância.

A casa reconstruída,

como aquela,

seria em ‘ele’.

Haveria quatro quartos,

duas salas,

a cozinha com fogão à lenha

e sua janela que me fazia temer

os ladrões

e os monstros noturnos

por vê-la tão frágil,

o banheiro com sua banheira alva

- imensa jarra para as flores de finados -,

a dispensa com sua janela

por onde contemplava a chuva que caia,

a enorme varanda

- mundo de brincadeiras -,

O tanque com sua enorme caixa-d’água,

O barracão

- mundo de imaginação -,

o jardim,

a horta,

o pomar...

descubro, então, que não preciso

de dinheiro para reconstruir

um mundo que seria semelhante

nas formas físicas,

mas seria falso e não legítimo.

tenho a memória

onde tudo está guardado

com a imaginação.

Quando a saudade me assalta,

visito o mundo de minha infância.

Reconstruo as pessoas e as coisas.

Sou um reconstrutor

de mundos passados.

Ramalhete de Imaginação.

Leonardo Lisboa – Barbacena, 17/11/2000

Poema 861 – Caderno: Poesia Efervescente.

Nardo Leo Lisbôa
Enviado por Nardo Leo Lisbôa em 12/12/2012
Reeditado em 14/09/2016
Código do texto: T4032064
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2012. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.