Se acaso eu não voltar

Ainda é cedo, mas eu preciso ir.

A mala está pronta e já passei meu batom.

Quando chegar ao fim da estrada e deparar-me com a ponte sagrada, respirarei bem fundo.

Eu hei de atravessá-la sem hesitar, sem que ninguém me faça parar.

Se acaso eu não voltar, diga aos corações que me desprezaram, aos olhos que me julgaram e mãos que me empurraram...

Que ao trilhar solitário de meus passos errantes tornei-me capaz de perdoá-los e isso é tudo.

Em especial, diga aos corações que me entenderam, aos olhos que me acolheram e mãos que me protegeram...

Que os amei o tempo todo, os amei sem um único esforço.

Se acaso eu não voltar, certamente terei encontrado a saída desse estranho labirinto. E seguirei por caminhos jamais sonhado e esbarrarei em anjos por toda a parte.

Sim, eu irei para casa. Sei que as portas estarão abertas e violetas enfeitarão as janelas. Sei também quem estará a minha espera.

E num abraço demorado, a saudade transmudará numa canção

E não reterei a lágrima de emoção.

Mais tarde falaremos de muitas coisas e falaremos de você.

Relembrarei nossos momentos bobos e tão divertidos;

E direi que você é meu bem mais precioso, meu verdadeiro amigo.

Antes do alvorecer... Se acaso alguém tocar meu ombro, devolver minha capa e sussurrar: "Ainda é cedo, você precisa voltar!"

Posso até chorar por um instante, mas ao lembrar de você, sorrirei sem querer. De algum jeito, qualquer jeito saberei que voltarei apenas para te amar mais uma vez.

Léia Carmona Torres
Enviado por Léia Carmona Torres em 12/12/2012
Reeditado em 12/12/2012
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