O torpe badalar da última hora

Espalhando-se em vias de mão dupla,

nascem as quase vinte e quatro horas

do mesmo recomeço de antes,

travestido do branco de outra vez.

Surgindo por detrás das velhas preces,

criam-se os vestígios do outro novo.

Natimorta a audácia,

desenrola-se o ciclo de ressurgências.

Trincou o vidro da janela,

atrapalhou o tráfego,

estourou o rojão.

Todo o transitório fixou-se na passagem.

E crescem os jargões saudosistas,

ungidos pela inimputável nostalgia,

abraçam-se ao diferente.

Mesmo que apenas só por momento.

Amanhã topa-se no agora,

noite e madrugada de hoje

são os primeiros esboços do que virá.

Lapida-se o brilho dos esmorecidos erros.

E erra-se. Erram-se. Erramos.

Erremos. Erraremos.

Só sobrará a certeza do engano

e o alívio do recomeço.

Fernando Cesar
Enviado por Fernando Cesar em 31/12/2012
Código do texto: T4061577
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