O homem do subsolo

Buscamos desde criancinha o ideal.

Dizemos que odiamos o homem falso,

mas desde cedo praticamos algum tipo de falsidade.

Nossas mães ensinam-nos a admirar as boas qualidades.

Mas essas boas qualidades geralmente só são encontradas na aparência social.

Deus sabe o que praticamos no escondido.

Por isso, às vezes tenho a necessidade de ser vil.

Todo homem tem um bicho solto dentro de si,

outrora hiena outrora leão ou tigre:

devoradores do medo e de fraqueza.

É o subsolo do homem clamando das cavernas do período Paleolítico.

Tenho esta necessidade de ser cruel.

De dizer que os modos não me dominam.

São horas de prazer quando descubro a fraqueza dentro do outro.

escondida atrás das posses e dos títulos.

Provoco-os até o limite que se encham de culpa e cheguem perto de ser nada.

Ser nada hoje em dia é estar destituído das tais aparência.

Por isso acho que sou um herói.

Um herói Bukowskiniano.

Vomitador de ironias e sem desfaçatez de caráter.

A maior parte do tempo busco o ideal como todo mundo.

(esta é minha identidade secreta)

Mas nesse outro instante sou esse herói execrável

devorador da fraqueza e do medo

e que age sozinho aviltado pelas avenidas.

Sérgio Caldeira
Enviado por Sérgio Caldeira em 23/01/2013
Reeditado em 23/01/2013
Código do texto: T4100710
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