O homem do subsolo
Buscamos desde criancinha o ideal.
Dizemos que odiamos o homem falso,
mas desde cedo praticamos algum tipo de falsidade.
Nossas mães ensinam-nos a admirar as boas qualidades.
Mas essas boas qualidades geralmente só são encontradas na aparência social.
Deus sabe o que praticamos no escondido.
Por isso, às vezes tenho a necessidade de ser vil.
Todo homem tem um bicho solto dentro de si,
outrora hiena outrora leão ou tigre:
devoradores do medo e de fraqueza.
É o subsolo do homem clamando das cavernas do período Paleolítico.
Tenho esta necessidade de ser cruel.
De dizer que os modos não me dominam.
São horas de prazer quando descubro a fraqueza dentro do outro.
escondida atrás das posses e dos títulos.
Provoco-os até o limite que se encham de culpa e cheguem perto de ser nada.
Ser nada hoje em dia é estar destituído das tais aparência.
Por isso acho que sou um herói.
Um herói Bukowskiniano.
Vomitador de ironias e sem desfaçatez de caráter.
A maior parte do tempo busco o ideal como todo mundo.
(esta é minha identidade secreta)
Mas nesse outro instante sou esse herói execrável
devorador da fraqueza e do medo
e que age sozinho aviltado pelas avenidas.