LEMBRANÇA

Da janela eu contemplava o horizonte.

Um pássaro voava em direção a um monte.

Às vezes batia as asas freneticamente,

rasgando galhardamente o livre espaço,

às vezes planando sem qualquer embaraço,

num grande exemplo de como viver livremente.

Um jovem no alto de um morro, na favela,

empinava uma grande pipa de cor amarela,

que contrastava com o azul do firmamento.

Outros jovens o cercavam cheios de admiração,

deixando claro que lhes invadia a alma a emoção

pelo espetáculo que viam naquele momento.

O Sol, estrela maior, já caminhava para o ocaso,

mas deixava calor e luz brilhante, não por acaso,

anunciando que estava bem próxima a noite.

Antes de fechar a janela, próximo de mim,ainda vi,

movimentando-se suave e lentamente, um colibri,

cena que durou pouco, pois ele celeremente foi-se.

Acomodei-me numa poltrona e comecei a refletir

a respeito da beleza do que vi e que espero repetir.

Mas com o acomodamento, passei a dormitar

e um mundo novo diante de mim surgiu de repente,

coisa que comigo não acontece normalmente,

pois sempre durmo profundamente, sem sonhar.

Restou claro que não só dormi, mas também sonhei.

Passados alguns meses para a mesma varanda voltei,

e senti que a decepção sobremaneira me abalou ,

eis que um prédio na frente do meu foi erguido,

o meu horizonte,que era infinito, ficou reduzido,

já não vejo a Pedra dos Olhos, só a lembrança restou

levy pereira de menezes
Enviado por levy pereira de menezes em 12/03/2007
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