Angústia.
Sou um fingido,
É muito mais fácil interpretar em um palco
onde todos estão fingindo
é o teatral, o mágico pudor de ser o que sempre quis ser
um fingido
Mas, apesar disso, sou o único fingindo que carrega
em seu corpo uma nuvem negra
E dançam raios em meu interior como najas
assolador da manhã que se deita e não contra
minha chama, não és meu amante.
não vejo alguém tirando algo de mim, a não ser eu mesmo
controlo meu viver durante a manhã e noite, porém,
na madrugada meu corpo se torna minha própria
angústia de estar aqui
E mesmo eu sabendo que dias bons podem chegar
a qualquer momento, continuo analisando tudo em mínimos
detalhes:
A angústia, tanto física quanto sentimental,
faz meu corpo doer e se revirar na cama
Enquanto minha geladeira, vazia, sempre continuará vazia
E os olhares da plateia jamais irão parar de fixar-se em mim
Sou um tipo de alimento para eles. Definho a cada olhar.
O que será que acontece comigo?
Viver poderia ter sido minha maior deixa,
mas uma carta em uma manhã, sobre a cama
onde nós deitamos se tornou minha quase deixa
Mas tu faz de tudo para não deixar minha cortina
se fechar
Mas, mesmo assim, faço de meu tempo como
o último, uma droga que mantém vivo
Continuo me revirando, uma mágica ambulante
para tirar essa dor de mim.