Sem reservas
Se eu tentasse ignorar os meus pensamentos
E por um momento tentasse me anestesiar da realidade
Seria fútil, inútil e sem valor.
Se eu tentasse fingir que nada está acontecendo
E por um instante me fazer de despercebido
Estaria mentindo uma vez mais pra mim mesmo.
Vale a pena viver a esmo?
Se eu pudesse ignorar os meus sentimentos
E por um instante ficasse inerte e sem mobilidade
Seria banal, simplesmente trivial e sem calor.
Se eu parado ficasse fazendo de conta que tudo bem está correndo
E por agora fechasse os olhos para o que está a minha volta
Estaria tentando não ver o que está distante, apenas isso.
Vale a pena fugir disso?
Eu não posso ignorar meus pensamentos
Eu não posso fingir
Eu não posso mentir
Eu não posso ficar parado
A banalidade e o acaso não podem me abraçar
Meus olhos estarão sempre abertos
E mesmo que eu os feche ainda assim estarei contemplando o distante
O ausente será sempre presente
Na memória e na verdade de quem não finge o que sente.