Poema das Coisas

Belas coisas inertes

que me cercam noite e dia

sem nada dizer ou sentir.

E, silenciosas, acompanham-me

com seu olhar

comprado em suaves prestações.

Sonhos lacrados nas lojas

que em minhas mãos transformam-se

nas únicas verdades irrefutáveis

deste mundo...

E é por vós,em vosso nome,

que venho preencher agora

todos esses espaços vazios

(brancos, indefesos, calados)

não de pessoas, memórias ou abstrações,

mas de coisas palpáveis,

símbolos vivos de meus desejos.

Assim,belas coisas inertes

que, temporariamente apaziguam-me os sentidos

venho agora dedicar-vos esses versos...

desprovidos de qualquer espiritualidade...

Porque, de tudo que existe ao meu redor..

e entre todos os seres que se pensam objetos,

sois, na verdade, os únicos autênticos.

Comprados e vendidos, sem disfarces

e, para um determinado fim...

E as únicas, que, com certeza

um dia deixarei aqui, para serem repartidas

como bem quiserem...já inúteis e frias,

diluídas de mim...

Mareluz
Enviado por Mareluz em 02/03/2013
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