A demissão do Poeta

Cansei!

Hoje escrevi minha carta de demissão

Entrei de aviso prévio

Desse trabalho escravo

Árduo de tanta agonia

Rouba as minhas noites

Como se já não bastassem os meus dias

Coloquei-a num envelope

Para entregá-la em mãos

A mandachuva relutou toda prepotente

Disse que ela era quem mandava

Que eu me desse por contente

Ser porta voz de sua inspiração

A raiva no rosto reluzia

Rasgou a carta

Jogou-me os confetes

Como se tudo fosse fantasia

Mandou-me de volta à escravidão

Cumprirei o que manda a lei

Mas não sei se coragem terei

Quando for chegada a hora

De encara a fúria da chefe

A toda poderosa: Poesia!