SÚPLICAS DE UM POETA

De que adiantam os sonetos

se não consigo escrevê-los em teu corpo

com o tinteiro da língua

que saliva com seu desejo canino

tantas palavras proibidas

expulsas do dicionário

de tanto desatino

Sou um poeta desabrigado

avesso às teclas, mouses, telas

só escrevo à mão

à luz de vela

que não desvela aquela Flor

Mãos que choram poesia

Mas meu papel era pouco,

se acabou

Já não tenho onde desaguar

toda essa minha agonia

Compadeça-se desse pobre poeta,

Musa da minha dor,

Prometo:

Serei carinhoso até na ardência

Encherei tua alma com tantos versos

Que até na ausência

vestirás meu amor

Dá-me teu corpo à minha doença

Tenha piedade desse miserável que vos fala

Ainda quando sua covardia o cala

Suplico-te, por favor...