A MÁQUINA

A máquina não ama.

Automática, finge que clama

por minutos quentes na cama

e se abre,

expõe os pêlos,

os grandes lábios,

a macia carne vermelha

e se deixa penetrar.

A máquina fecha os olhos

e pensa

na canção de outrora,

na mãe em silêncio

na beira da cama,

e um som vindo da rua

ilumina o segundo

que não parece ter fim.

A máquina tem que comer

e se vende

por treze moedas.

Todos xingam

a máquina.

Mas a máquina-puta

é tão mais pura

que as beatas que mentem.

Há alguma grandeza na máquina,

que não é máquina,

mas alguém preso na engrenagem.

Há alguém dentro da máquina:

prostituída Maria

da Metrópolis eterna.

E cada vez mais jovem

ela se abre à exploração

de mãos pecaminosas.

Viviane Rolando
Enviado por Viviane Rolando em 21/03/2007
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