Aberração

Só para não dizer que não falei... De flores?

Não...

Só para não dizer que não falei de gritos

E de sorrisos, e de insônia, medo, angústia

Não, não falei dos conflitos de vossa mente

Inocente, ausente... Clemente...

Aberração diária, do gozo diário que nunca escrevo

Aberração medida a conta gotas, cautelosamente

Insanidade realista, mas não extinta

Saúde precária do corpo e de vossa alma

Que trauma! Que trauma!

E a aberração? Está aí, não vê?

Se seus olhos só conseguem ver as flores

Se sua boca só sabe pronunciar lindos versos

Se sua alma está em paz... Que pena!

Não é mais a mesma... Não é mais a mesma...

Dentes bonitos, boca suculenta, sedenta:

Sede de vingança de toda a besta

Raciocínio tão inócuo que cai na melancolia

Do dia a dia... Do fim, do mero acaso de viver

E será que sofrer é uma escolha?

Nada sei... Melhor assim

Gele
Enviado por Gele em 23/03/2007
Código do texto: T422699