Espelho d'agua
Sentei a beira do riacho
E passei a admirar
Um belo cardume de peixes
Na paz daquele lugar.
Vi lambari namorando
Passando de lá para cá
Arraias em apneia brincado
Sem medo de se afogar.
Veio uma sucuri gigante
Tão fina como minhoca
Se requebrando bastante
Após deixar a sua loca.
Gias e sapos regentes
Também surgiram por ali
Acompanhado por girinos
Fugindo dos lambaris.
Passou uma capivara no fundo
Cortando água com rapidez
Ora disputando uma copa do mundo
Ou treinamento do mês.
Vi crocodilo se aproximar
Devagar no espelho d’agua
Encarei no seu olhar
Parece que guardou mágoa.
Carregava uma serra no lombo
Como quem corta madeira
Esquisito com rabo longo
Afastei da ribanceira.
A água era limpa e cristalina
Um local bem sossegado
Uma vitrine sem a cortina
Que por mim foi desvendado.
Deu vontade de banhar
Nesse paraíso escondido
Pensei antes de arriscar
Ser-se-ia bem recebido.
Nisso o sol já dividia o céu
Ardendo a pele de quente
Agasalhei-me sob o chapéu
E registrei tudo na mente.
Francisco Assis Silva é Bombeiro Militar
Email: assislike@hotmail.com