A DOR

A DOR

Me escondo

nos olhos

do cão sem dono

nos pêlos

do gato sarnento.

Sou a chaga

da lepra

na tua carne

a ferida que

não cura

a dor que não acalma.

Ressôo

nos toques

do sino fúnebre

sou o eco

da pergunta

que não cala

o pássaro ferido

incapaz de voar.

Nas madrugadas

sou o grito

da coruja

o vôo

do morcego

o brilho solitário

que risca o céu

dos abandonados.

Sou o lado obscuro

nas sombras

do meu pensamento.

Sou a desiludida

que se esconde

em sonhos traídos.

INÊS HOFFMANN
Enviado por INÊS HOFFMANN em 25/03/2007
Código do texto: T425863