MEDO X ABRAÇO

Que a força do medo transcendental da solidão,

Não me impeça de receber um abraço doce e gentil,

Mesmo que meu olhar esteja direcionado à imensidão.

Ao receber essa dádiva, retorno ao meu passado pueril.

Que a força do medo transmissível pela promiscuidade,

Não me impeça de receber um abraço ingênuo e puro,

Mesmo que minha pele aflore a irrevogável culpabilidade.

Ao receber esse presente, abandono o passado e vislumbro um futuro.

Que a força do medo desmedido de um tumor maligno,

Não me impeça de receber um abraço milagroso, sobrenatural,

Mesmo que minha fé e testemunho não seja algo fidedigno.

Ao receber essa benção, dobro os joelhos e agradeço ao pai celestial.

Que a força do medo flamejante ocasionado por um incêndio,

Não me impeça de receber um abraço intenso e acalorado,

Mesmo que minha recuperação criteriosa represente um dispêndio.

Ao receber essa “chama”, possa aliviar meu sofrimento eternizado.

Que a força do medo pungente e tenebroso motivado pela inutilidade da visão,

Não me impeça de receber um abraço suntuoso, fulgente e reluzente,

Mesmo que meus passos recalcitrantes perambulem pela impiedosa escuridão.

Ao receber essa luz, possa clarear meu destino rumo a um futuro eminente.

Que a força do medo paralisado e inerte, entorpecido por graves acidentes,

Não me impeça de receber um abraço cinético e ocupacional,

Mesmo que o meu desempenho me impeça de realizar atividades coerentes.

Ao receber esse tratamento, possa retornar à vida normal.