Encantamento

Voava a pomba perdida

sem encontrar o pombal,

via campos, verdes campos

em nenhum seu laranjal.

Ao longe o mar bramia

lutando com o pinhal

que segura as areias

das praias de Portugal.

Foge a pomba assustada

entre a montanha e o vale

procurando um ramo achar

longe de qualquer mal.

Já o dia se acabava

ouviu-se a trompa real,

era o príncipe herdeiro

e todo o seu arraial.

Parou a comitiva

bem junto ao roseiral

acenderam a fogueira

limparam espada e punhal.

– "Quem geme e baixo soluça,

nem gente nem animal?"

– "Ai de mim que estou perdida

voar, voar para o laranjal…"

– "Pobre pomba branca e fria

que o meu peito te salve."

E o príncipe recolheu-a

perante o espanto geral.

Ao afagar-lhe a cabeça

encontrou duro sinal,

era um negro diamante

cravado a pedra e cal.

- "Teus olhos choram por mim

ai pomba do meu pombal.

Vem, que te salvarei

serei teu servo leal".

E com os dentes quebrou

o encantamento fatal.

Cobriu-se o campo de flores

amadureceu o trigal

a pomba virou donzela

com coroa de laranjal.

Saltaram para o cavalo

ouviu-se a trompa real.

E em alegre convívio

chegou o conto ao final.

Eugénia Tabosa
Enviado por Eugénia Tabosa em 27/03/2007
Reeditado em 27/03/2007
Código do texto: T428244
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