Dos Pés à Cabeça

Dez momentos de prazer

Entre espaços me passo úmido e quente

Deixo-te e vou.

Caminhos roliços me mostram teu céu

Passeio submisso a caminho do mel

Na maciez de teu solo repousa meu ser

Sou-te áspero e calmo no passeio silente

Difícil deixar-te, mas deixo-te e vou.

Giro o mundo aflito por um novo dossel

E os morros que surgem te deixam ao léu

Inspiro pra sempre, num imenso querer

Nas entranhas sublimes de teu fogo ardente

Quisera eu ficar, mas deixo-te e vou

Reviro os quereres no desejo laurel

Teu aroma me cega, sou só teu, meu pitéu.

E roçando na relva, quero apenas beber

Do licor dessas preces, de minh’alma imprudente.

Morrer é deixar-te, mas deixo-te e vou

Meus poros te gritam, nos gemidos de um réu

Sofro assim meus desejos de viver neste ilhéu

Tudo em mim te pressente, neste sôfrego ser

Teus lábios nos meus, finda a espera contente

Minha vida em teu fogo, deste céu já não vou.