Agridoce: Eu e o mar
Num dia maluco
O mar de Santos resolveu visitar a capital
Encheu tanto sua maré
Que conseguiu chegar.
Subi nos telhados
De início, apavorada
Com a velocidade de sua chegada
Mas dedinho por dedinho, coloquei o pé inteiro.
Não bastou um pé, ele seduzia-me para pôr o outro
Não bastaram os pés, ele quis as pernas
Não bastaram as pernas, ele quis o corpo
Não bastou o corpo, ele quis o coração.
Caí numa imensidão sem fim
Ele era sal e eu doce
Nunca imaginaria me fazer viva
Algo tão distinto de mim.
Formamos um agridoce incomparável
Através de nossas diferenças
Tornarmos algo tão bom...
Tão bom...
Com o passar do tempo,
Notei que o respirava
E o mundo externo parecia distante
Como se tudo o que precisasse estivesse ali.
Mas antes que pudesse dizê-lo
A benevolência e paz que trouxe a mim
Sua maré baixou
E pouco a pouco, nossa dança entre ondas, acabou.
Antes daquele dia anormal
Não tivera a oportunidade de conhecer o mar
E bastou uma visita fora do normal
Para eu me... gostar tanto dele.