LA DOLCE VITA
dedos, lápis, leme, barco.
palavras e pássaros na praia
observam tudo o que faço.
liberdade inventa escadas
se corro com pés descalços.
imaginação solta,
a inspiração voa.
me sinto ébrio e grávido
de tudo aquilo que guardo
e ainda não falo
por saber que palavras
não são meu retrato exato.
papel, caneta, ilha, náufrago.
frações de mim se procuram,
mas nem sempre se acham.
sou o vão entre ideia e ação,
entre cegueira e razão.
infância solta,
alegria voa.
piloto uma nave sem motor.
e faço questão de acreditar
que sou bem maior do que sou.
porque poesia se faz em vida,
morte é o que o poema calou.