SOMBRAS DA VIDA

SOMBRAS DA VIDA

A insalubridade acomete-me, sorte de baldados

Sinto as cortinas mal abertas num céu de terra

O lancinar de passos que ainda não foram dados

São-me chagas, dardos no alvo que se descerra

Para a nova gosma pestilenta a ser construída,...

Um futuro que foi passado, e é odiado na lembrança

Esquecido em conceitos ritualistas de mente poluída

Só e sempre só vou-me ao pó com dissemelhança.

Meus vícios são gostos a flagelar-me com amores

Minhas letras são palavras vestidas de realidades

Meus versos ignorantes são poemas de dissabores

E meu corpo é tão inútil quanto às minhas vaidades.

Sou um cego que memorizou o caminho da morte

Um mendigo da vida esbofeteado pela insubmissão

Que trafegou rebelde por caminhos sem transporte

Mas amei a tudo e a todos sem nenhuma distinção

Uma autenticidade exposta à mesa de toda hipocrisia

Foi meu maior crime, não me rendi ao costumeiro

Aos que se rastejam nos oportunismos com paralisia

E li os olhos daqueles que me abraçavam traiçoeiro.

O tempo faz estragos que dinheiro algum conserta

E desnuda o abjeto que és na delicadeza do orgulho

Carrega o fardo de uma transmutação que nos liberta

E voa em ventanias esculpindo um reles pedregulho.

Tenho alta desse hospício sem perdão e arrependimentos

E desprezo a chance de descansar em paz,... Visto que

Não há remanso para quem guerreia em pensamentos

E para quem se prostra a reclamar de azares em piquenique.

CHICO DE ARRUDA.

CHICO BEZERRA
Enviado por CHICO BEZERRA em 07/06/2013
Código do texto: T4330653
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