POBRE POESIA!

Nasci tão pequena

Numa sala escura e fria

Sem forma e sem cor

Sem alma e sem melodia

Apareci do nada e nada sou

Sem um pingo de emoção,

Sem curva, sem métrica,

Sem sentimento e sem expressão.

Surgi do momento,

Talvez do espanto...

Quem sabe do tormento

Saí do pensamento

A saber, do desencontro.

Poderia ser um conto,

Ou um mau pressentimento,

Mas não sou um acalanto

Nem sequer sou teoria

Fragmento ou um canto

Acaso de autoria

Verdade ou utopia.

Sou assim mesmo!

Sou o âmago do avesso

E ainda me chamam de poesia.