O MENINO DA JANELA

Ainda hoje, ao passar por lá,

olho para aquela janela

e tenho a impressão de vê-lo...

Olhos compridos, fitos na rua em frente

sempre à espera do ser querido

que não voltou.

Hoje, ele não está mais lá.

A longa espera, fê-lo desistir.

Ou então porque se mudaram para outra casa.

Tinha três anos e ficava todas as tardes,

debruçado na janela

esperando o pai, de volta do trabalho.

E ao vê-lo apontar na rua,

descia correndo as escadas ao seu encontro.

Suado e cansado o pai o pegava no colo

para dar-lhe um abraço e um beijo

e subiam felizes de volta ao lar.

Assim acontecia todo dia, ao entardecer.

Mas quis o destino cruel

que aquela felicidade não durasse.

Veio o atropelamento do pobre homem

numa rua antes de chegar em casa

e ele não pode mais voltar.

Mas o menino não entendia

porque o pai não voltava

e ficava à sua espera naquela janela.

Anos se passaram até compreender aquela espera vã.

Não conseguiu mais sorrir.

Não conseguiu mais viver.

Se olhar pra sempre se perdeu

e todos que ali passavam podiam vê-lo

naquela vigília incansável.

Hoje a casa está fechada, mas quem por ali passa

não se esquece daquele menino triste

de olhar comprido esperando o pai

que a vida ingrata não deixou voltar!

Simplesmente Romântica
Enviado por Simplesmente Romântica em 22/06/2013
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