Só na eternidade

Ontem à noite saí pelas ruas desertas

À procura de mim.

Encontrei sombras, projetadas

Pela iluminação pública.

Não quero sombras, quero gente

De carne, osso e sentimento.

Sentimento? O que é isso?

Questiono o vento:

Onde está a jovem sonhadora?

Não por estas bandas, ele responde.

E a guerreira e corajosa

Que enfrentou o desconhecido,

Nos confins dos países nórdicos?

Também faz tempo que não tenho notícias dela.

E a sofredora, desiludida do amor?

Qual delas? Existem centenas, milhares, milhões.

Sou tantas assim?

Não só você, mas uma multidão anônima.

Mulheres que amam demais....

Quero saber de mim, juntar os cacos,

As vitórias, os fracassos, as alegrias,

Os encontros e desencontros.

Quero família e amigos ao meu redor.

Juntar na mesma pessoa, a menina, a jovem

E a mulher madura.

A idosa ficaria de fora como observadora.

O vento, que é sábio, pondera:

Satisfazer o seu desejo? Só na eternidade.

Gilda Porto
Enviado por Gilda Porto em 12/07/2013
Código do texto: T4383858
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