Escuridão

Tenho medo da escuridão.

De nuvens sombrias encobrindo o luar.

Isso me lembra de pedaços do inferno.

E do inferno quero passar longe.

Quero ao máximo olhar pela janela

E fazer um aceno simples.

Nada mais que isso.

Já estará de bom tamanho!

Já quis pôr a mochila nas costas

E esquecer os problemas.

Hoje aprendi que os problemas vão junto.

E que mesmo que financiemos um “terreninho” na Lua,

Se não soubermos ser leves,

Todas as nuvens sombrias encobrirão nosso telhado.

Hoje não penso em mochilar por aí.

Quero mais é ficar debaixo das cobertas em dia de frio.

Minha casa é refúgio de minh’alma!

É lá em que me encontro, fujo de mim, vez ou outra.

É lá em que me resguardo, me abro toda.

Lá em que me anseio e relaxo.

Descubro-me e me recubro.

Com as mantas da mamãe,

Dadas com todo carinho

No dia em que saí de casa.

Já pensei em ir além.

Hoje, não.

Quero só é ser feliz

Na simplicidade de uma piscadela.

Só quero é ter sossego

Na velocidade de um amor de vidas.

Só quero é caminhar sobre flores pequeninas e sem espinhos.

Já busquei tantas respostas sem sentido.

E hoje, quando olho, vejo que as perguntas

É que não tinham nexo algum.

Perguntas sem pé nem cabeça

Que atormentaram por tempos!

Coisa besta a cabeça da gente!

Fica confabulando ideias mirabolantes,

Cheias de monstros e ninjas...

Cheias de loucura e santidade.

Tudo junto na memória,

Confundindo o juízo.

E quanto mais confusos, menos vemos a luz!

Menos somos capazes de ir além.

Nem que seja ali na padaria da esquina.

Tomar um café.

Ficamos desconexos, desordenados.

E quando vemos, já estamos idiotas.

Como burros com aquele tampão

Que nos vedam as vistas laterais.

Enxergamos em partes.

E isso nos limita os pensamentos.

Pensamos, pensamos...

E não chegamos a conclusões nenhumas que valham a pena.

Que nos façam menos idiotas e medíocres.

Que nos elevem enquanto ser pensante.

Afinal, se pensar é uma das qualidades,

Deveríamos fazer bom uso disso.

Odeio toda forma de escuridão.

Seja ela das nuvens, por falta de raios solares.

Seja ela de alma, por falta de uso válido.

Odeio pequenez.

Toda forma dela.

Ser pequenino nos torna imbecil.

E digamos que o que mais se vê hoje em dia são seres pequeninos.

Uma imbecilidade tamanha,

Que chega a fazer desconfiar

Ser algo parasital ou mesmo epidêmico.

O mundo anda ferozmente inabitável!

Já, já os corretores de imóveis mais espertos

Estarão estampando outdoors

Com anúncios de terrenos fora da galáxia,

Em estrelas distantes.

E nós, humanos, estaremos aqui, bestificados.

Como sempre estivemos.

Tenho medo do escuro.

Tenho pavor de idiotice.

Tenho asco de arrogância.

O que faz de muitos mais idiotas ainda.

Tenho ânsia em mudar o mundo.

O meu mundo!

E para isso preciso aprender

A não ter medo do inferno.

Afinal, se não formos para lá...

Um dia receberemos um convite quente

De alguma festa humana quase demoníaca.

E quer saber a verdade?

Somos anjos e demônios.

Todos nós.

Não o tempo todo.

Mas, oscilamos.

E ora pendemos para a porta branca,

Ora nos arriscamos na guarnição toda negra.

Vamos assim.

Até encontramo-nos com o espelho gigante,

Chamado consciência.

Ela costuma fazer visitas

Em noites de nuvens sombrias.

Toda a vida...

HELOISA ARMANNI
Enviado por HELOISA ARMANNI em 13/07/2013
Código do texto: T4384819
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