Avia no tempo

AVIA NO TEMPO

o problema de todas as horas

nos minutos interiores de cada alma

os segundos que se perdem

se prendem se pedem suplicam

nos momentos em que olhos se cruzam

o dilema de todas as almas

nos interiores de cada minuto

as horas as ações as frações

as orações que se servem

nos pratos nos cálices genuflexórios

os dias escorridos das bandeiras

canecos cheios coagulando tempo

os segundos por dentro das porongas

a farinha d água escovando as costas

a faca nos troncos sulcando gotas

as semanas virando sernambi

vão cobrindo os princípios defumados

cavadores refugados minutos prensados

falas se foram virando silêncio

o inverno protegido em cada jamaxi

o problema de todos os canecos

nos protestos interiores de cada porrada

os minutos por fora das semanas

o jabá cozido na metade

a mulher deitada masturbando a rede

as estradas dos meses embalados

a umidade subindo em cada corpo

o sol derretendo em cada pele

o saldo da vida dividida e estivada

os anos vão ficando em cada porto

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( fragmento do antropoema AcreDITO,saga da ocupação acreana que redundou na revolução contra bolivianos

para anexação do território ao Brasil )

AVIA = prover alimentos em troca da borracha que se vai produzir. O poema é uma paródia do tema/problema.

clodomir monteiro da silva
Enviado por clodomir monteiro da silva em 05/04/2007
Código do texto: T438960