já houve tempo de sorrisos

já houve tempo de sorrisos

já houve sonhos, esperanças

e a inocência infantil de as ter

houve a adrenalina do desconhecido

o poder ilimitado de querer agarrar o mundo

sem saber que os meus braços são curtos

e havia o teu olhar como prova de que o mundo estava certo

sorrisos

sorrisos no húmido dos teus lábios

agora o peso da consciência prende-me,

amarra-me os pés ao chão

e mesmo quando os teus olhos encontram os meus

e os nossos fundos se tocam

mesmo ai conheço o amargo de uma solidão nova,

só minha, como uma saudade de mim

como uma melancolia triste a por-me sal

nas feridas das memorias

agora todo parece distante

e neste mar de vazio onde estou

o que fui é a doença de me ter perdido

e a única cura a que me posso agarrar

(ou remédio)

[ou placebo]

ou o nada que o tempo lhe escreveu por cima

Tiago Marcos

(vivo o presente tão intensamente que o que sou hoje não vai querer morrer com o dia;

amanha viverei o presente com o que sou hoje a puxar-me para um passado que não soube morrer)

chomanno
Enviado por chomanno em 07/04/2007
Código do texto: T440399