já houve tempo de sorrisos
já houve tempo de sorrisos
já houve sonhos, esperanças
e a inocência infantil de as ter
houve a adrenalina do desconhecido
o poder ilimitado de querer agarrar o mundo
sem saber que os meus braços são curtos
e havia o teu olhar como prova de que o mundo estava certo
sorrisos
sorrisos no húmido dos teus lábios
agora o peso da consciência prende-me,
amarra-me os pés ao chão
e mesmo quando os teus olhos encontram os meus
e os nossos fundos se tocam
mesmo ai conheço o amargo de uma solidão nova,
só minha, como uma saudade de mim
como uma melancolia triste a por-me sal
nas feridas das memorias
agora todo parece distante
e neste mar de vazio onde estou
o que fui é a doença de me ter perdido
e a única cura a que me posso agarrar
(ou remédio)
[ou placebo]
ou o nada que o tempo lhe escreveu por cima
Tiago Marcos
(vivo o presente tão intensamente que o que sou hoje não vai querer morrer com o dia;
amanha viverei o presente com o que sou hoje a puxar-me para um passado que não soube morrer)