JULHO

Julho...
Que tristezas calam os teus incontáveis dias
fazendo adormecer os meus olhos
banhados no sal e no eco das horas vazias?

Noites frias...
Aborrecidas e enfadonhas rondam a bestialidade
dos meus medos
gritando os meus temores sobre a única certeza
ainda viva em meu coração - o meu amor por você!

Amanheceres...
Azul salpicado de cinza ou vice versa
nessa aquarela descortinada
que traz ao palco da manhã
o canto das garças
e o grito angústiado do último sonho...

Ah, era mais um sonho que o pranto umidece
e tinge de azul diante dos meus olhos incrédulos?!
Às minhas mãos a tua ausência e ao meu coração a tua essência
de amor e vida ainda tem o sabor dos teus beijos de romã
nesta boca que não se cala...

Tardes gris...
Ameaçando o meu olhar de arco - iris
a desenhar-te na distância entre uma esquina
e a minha vida
que em jardins te espera
enovelando o sonho e a realidade
na risada de uma criança...

Julho...
O vento frio ainda canta uma cantiga
e sopra o fogo na lareira
dançando as bailarinas chamas
fazendo brilhar cada lágrima caída dos meus olhos
ainda sem sono
ainda sem alegria
ainda olhando a distância entre a esquina
e a minha vida.
A distância entre o seu coração e o meu...